História

Novas e antigas descobertas e evidências, nunca antes tratadas ou convenientemente usadas, revelam uma presença significativa de judeus em Nova Sintra e em outras localidades de Cabo Verde. Este arquipélago, situado no Oceano Atlântico, a cerca de 483 km da costa do Senegal, e especificamente a cidade de Nova Sintra na ilha Brava foi um local de migração para muitos judeus marroquinos durante o século XIX, vindos principalmente de Tânger, Tetuão, Rabat e Mogador (Essaouira hoje). O fim da Inquisição e posteriormente a assinatura de um tratado de comércio e navegação constituiu uma oportunidade para os judeus de Marrocos que enfrentavam na altura uma crise económica e “uma onda de imigração de judeus marroquinos, começou a dirigir-se para o arquipélago de Cabo Verde, muitas vezes através de Gibraltar, em busca de novas oportunidades económicas”. Aí exerceram actividades tais como comércio internacional e transporte, ou trabalhavam como directores em nome das autoridades coloniais portuguesas que controlavam o arquipélago estratégico de Cabo Verde.[i]

Uma das evidências desta presença encontra-se nas inscrições em lápides de pequenos cemitérios judeus ainda presentes em várias ilhas e que revelam que estes imigrantes usavam nomes sefarditas como Anahory, Auday, Benoliel, Benros, Benathar, Benchimol, Brigham, Cohen, Levy, Mom, Pinto, e Seruya Wahnon.

Outra, e importantíssima evidência é o legado vivo destes imigrantes, os seus nomes, que ainda são a identificação (nomes e apelidos) de muitas pessoas – descendentes ainda vivos e residentes nestes locais ou espalhados pela diáspora, assim como as suas casas que ainda conservam algumas caraterísticas reveladoras da tradição judaica e são conhecidas e mencionadas também pelos nomes da família.A vinda de judeus para Cabo Verde iniciou-se desde o tempo do seu povoamento, pelo reino de Portugal em 1462, e, conforme Lopes (iii) que cita Serels, 1997, “O povoamento dessas ilhas, aparentemente áridas, começou com o reinado de Afonso V, 34 anos depois do mandato de expulsão dos judeus Portugueses. Assim, foi decretado pelo Rei propositadamente que se incluísse os judeus na colonização.” “Poucos foram os Judeus e muito menos os Novos Cristãos, que fixaram residência em Cabo Verde. Acredita-se que, os Judeus isolaram-se em alguns Guetos ou nas proximidades da Capital de Cabo Verde, visto que socialmente e racialmente eram repugnados pelos Portugueses (Meintel, 1984 citado por Serels, 1997, p.3 e 4).”

Segundo a historiadora Cláudia Correia [ii], a vinda de judeus tornou-se muito mais notória em meados do século XIX. Nesta altura, viveram em diversas ilhas, com grande prosperidade e normalmente tinham posições sociais de relevo. As suas casas eram grandes e localizadas no centro da vida social e económica das localidades onde se fixavam. Há locais onde as ruas principais eram ladeadas por grandes e elegantes casas onde praticamente só moravam judeus, e que constituíam uma espécie de zona privada a certas horas, de acesso reservado.

Ilha de Santo - Antão. Vestígios da presença judaica sefardita.

Fontes:

  1. Consulta em linha a 17/07/2016, http://www.emb-marrocos.pt/destaque/embaixada-de-marrocos/
  2. Cláudia Correia, “PRESENÇA DOS JUDEUS EM CV”, em linha, consultado a 20160820, http://brito-semedo.blogs.sapo.cv/289798.html
  3. LOPES, Odair José Lima, NA ROTA DOS JUDEUS, UMA ANÁLISE HISTÓRICA E POTENCIALIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO EM SANTO ANTÃO, 2014 Licenciatura em Turismo
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